segunda-feira, 31 de março de 2008

Surra de pium

O fotógrafo Regiclay Saady levou uma surra de pium, carapanã, muriçoca, pernilongo e outros mosquitos nativos durante viagem que fez no fim de semana para o seringal Cazumbá, em Sena Madureira. As pernas foram as partes mais afetadas. Ele tinha acabado de fazer depilação egípcia, por isso a região se tornou mais convidativa para os mosquitos e mais sensível às picadas. Vejam a seguir como foi que o coitado ficou.







sexta-feira, 28 de março de 2008

Preconceito com as loiras

Ela casou por amor

Preparados para o combate


quinta-feira, 27 de março de 2008

A dengue é problema nacional


Tenho acompanhado pela televisão e internet a polêmica causada pela epidemia de dengue que assola o Rio de Janeiro. Governo federal, Estado e prefeitura acusam-se jogando um para o outro a culpa pelas mortes causadas pela doença esse ano.

Vejo, porém, que os três estão errados e são igualmente culpados. A dengue não é um problema só dos cariocas, é um problema de todo o Estado do Rio de Janeiro, como também de todo o país. Não dá para um ou outro ficar tirando o seu da reta e fazendo jogo de mídia visando as eleições desse ano.

A prefeitura do Rio foi omissa e não teve a atuação necessária para impedir que a epidemia se alastrasse. O governo do Estado igualmente, pois deixou tudo sob a responsabilidade do poder público municipal e pouco fez em termos de saúde preventiva em todo o Estado. Não precisa estar lá para saber disso, basta acompanhar o noticiário televisivo.

Igualmente responsável, talvez até em grau maior, é o governo federal. A dengue é um problema nacional, quase uma calamidade que, ano após ano, vitima inocentes em todo o país, de norte a sul, de leste a oeste. Mas a responsabilidade não deve cair somente sobre os ombros do Governo Lula. Há décadas presidentes e mais presidentes, ministros e mais ministros, fazem pouco caso da dengue e jogam para Estados e municípios e até para o cidadão comum, a responsabilidade sobre o avanço da doença. É no Governo Lula, porém que estamos e é dele que se deve cobrar ações que visem a erradicação da doença no país.

Hoje a preocupação é com o Rio de Janeiro, mas no ano passado o Mato Grosso do Sul apresentou o maior número de casos do país. Em outros anos, o Espírito Santo é que menos cuidado teve na prevenção da doença, e assim vai... Além do Rio de Janeiro, há a preocupação agora com Manaus, onde foi registrado o tipo 4 da dengue, que se julgava extinto há quase três décadas.

O governo federal tem o dever de elaborar um plano nacional, que mobilize a nação, que envolva recursos, que tenha pessoal em quantidade suficiente e bem preparado, que mobilize, se preciso for, Exército, Marinha e Aeronáutica em uma operação de guerra para exterminar os mosquitos aedes aegypti e ponha fim aos casos de dengue no Brasil. Acima de tudo, o governo federal tem que estar à frente de sua execução, determinando as atribuições de Estados e municípios, cobrando responsabilidades e punindo quem não cumprir suas atribuições. Se preciso for, deve intervir nas administrações que não fizerem sua parte.

O governo federal deve promover campanha nacional de conscientização popular e chamar a população de parceira, ao contrário do que é feito atualmente, quando é chamada de cúmplice. É nos bairros (principalmente da periferia), nas ruas e nas residências que o mosquito se esconde. O cidadão que com ele convive tem que se sentir motivado e deve saber que sua contribuição é fundamental para que essa guerra seja vencida.

Não sou especialista em saúde pública, muito menos técnico em saneamento, mas aprendi, há muito tempo, que doenças como a dengue não mais deveriam existir se governos atuassem tendo como meta garantir a qualidade nessas duas áreas, seja no município, no Estado ou no país. Poucos fazem sua parte.

No caso do Acre, por exemplo, embora o Estado ainda não esteja bem servido nessas duas áreas, há um trabalho de prevenção forte, o que tem garantido baixos índices da doença na região. Rio Branco talvez seja a capital com menores números de casos. Mas nem garantindo 100% de saneamento, postos de saúde e médicos para todos e milhares de agentes de saúde nas ruas, não vai conseguir se ver livre da dengue definitivamente enquanto o mosquito não for definitivamente extinto no restante do país. O Acre, assim como Minas Gerais, vizinho do Rio de Janeiro, não podem fechar suas fronteiras para os demais Estados para impedir a entrada do mosquito. Somente com atuação nacional conjunta isso será possível.

A luta não é de um ou de outro, é de todos, mas cabe ao governo federal liderar essa guerra, caso contrário, quem vence é o mosquito.



Artigo do Bené



Está fantástico o artigo do professor Beneilton Damasceno publicado na edição de hoje do jornal Página 20. Veja a seguir:


Bem que ele estava certo...

Beneilton Damasceno*

Meu querido pai, paraense de Castanhal, costumava repetir, entre sério e bem-humorado, que não precisaria viver além dos setenta anos, quando, segundo ele, todas as doenças se combinam para atazanar o corpo e o espírito de suas presas. Deus foi mais tolerante do que pedira o velho e lhe concedeu mais uma Copa do Mundo nesta terra de maldade respirando fumaça e assistindo ao Jornal Nacional - despediu-se em 2002, aos 75, doze dias depois que o Brasil de Felipão emplacou o penta.

Jamais levei a sério quando ele me advertira de que, lá pela casa dos quarenta e tarará, os sintomas da senilidade começariam gradativamente a tomar conta deste esqueleto. Achei que seria apenas conselho de pai. Não demorou muito, porém, comecei a usar óculos de grau. Aliás, dois - um para perto, outro para longe. Viriam logo depois, não nessa ordem, enxaqueca, taquicardia (no tempo dele se chamava “palpitação”), insônia, uma fisgada na região do cóccix (mucumbu, no popular).

Larguei de vez a vodca genérica e o cigarro com filtro. Ah, pra quê! A primeira “graça” foi uma sucessão de pedras na vesícula (“colelitíase” no jargão hospitalar). O doutor Ilson Ribeiro, também saudoso, tratou de extirpá-las na base da peixeira - o laser não existia por aqui no século vinte. Agora em outubro, descobri com falso orgulho que tenho diabetes (melhor do que dizer “hiperglicemia”). Bye, bye rapadura, uva, leite condensado, algodão doce, pé-de-moleque. Melancia? Só de for “diet”. Coisa de coreógrafo, já pensou?- O senhor tem de praticar uma atividade física, sabia?

- Sim, dotô, mas eu bato bola todo sábado no campo soçaite do Skate Park. E também costumo ir a pé do trabalho para casa. No sol quente.

- Não falei disso, amigo. O senhor precisa caminhar. Ouviu? Caminhar. De preferência do Parque da Maternidade ou no Horto Florestal. Do contrário, não vai adiantar muito, certo? E outra: o calçado deve ser adequado. Portanto, não invente de usar esses tênis paraguaios de Cobija ou lá de Plácido de Castro. Aqui em Manaus, rapaz, a gente encontra sapato legal até de 400 reais. Vá por mim, vá!

Já parei de reclamar? Claro que não! Minha hepatologista me presenteou no fim de 2007 com uma “transaminase pirúvica” (chique, não?), que evoluiu para “esteatose hepática”, que é igual a gordura no fígado. Tradução: falta pouco para desenvolver uma cirrose, daquelas em que o moribundo “figo” sai até no espirro. Recomendação: suspenda - agora! - o pão, o macarrão (incluindo o milagroso “miojo”), o baião-de-dois, a saltenha do Moacir. Gua!

Para deixar a coisa mais penosa, pelo menos uma vez no mês sou forçado a fazer exame de sangue depois de acordar. Nossa! Aquela agulha desse tamanho, a enfermeira bodejando que todo homem é mole, que mulher não reclama de nada, que blablablá... O pior é que ela tem razão. Me mande uma onça braba e eu viro macho, até negocio com a bicha (animal). Mas não venham furar minha “aveia” antes do quebra-jejum, de jeito maneira. Tô fora!

Eita! Por falar nisso, fiquei de ligar daqui a pouco para um nutricionista que prometeu me ajudar a enfrentar essa “fase eterna”, como ele bem definiu. Uma dieta a base de arroz integral, meio bife grelhado no almoço, torradinhas, chá com adoçante (argh!) e coca zero nas quatro festas do ano. Haja estômago. E haja saudade do meu pai, que passou por tudo isso e sequer teve a oportunidade de escrever um tratado como este que faço agora relatando o drama dos que envelhecem.


* Jornalista (benedamasceno@hotmail.com)


segunda-feira, 17 de março de 2008

Almanacre

Texto publicado na coluna Almanacre, do jornal Página 20, no domingo. A coluna é de responsabilidade do jornalista Élson Martins e o texto é de autoria do também jornalista Maurício de Lara Galvão. Para ler o texto direto na fonte clique aqui



A Intolerância Nossa de Cada Dia

Por Maurício de Lara Galvão *

A intolerância é, em síntese, a falta de respeito pelas diferenças ou crenças de terceiros. Implica sempre na desqualificação de um outro que não compartilha dos mesmos ideais ou da mesma fé e culmina, não raramente, no seu rebaixamento a um status inferior ao humano, justificando, quando há interesse, perseguições e massacres de toda espécie. Esta atitude mental desrespeitosa é sumariamente exercida pela humanidade desde a aurora dos tempos, tendo o ódio às diferenças atingido preferencialmente os mais fracos, as minorias e os excluídos socialmente.

Cristo e seus apóstolos, enquanto apenas uma minoria, também foram perseguidos pelo dogmatismo dos sacerdotes judeus e autoridades pagãs. Nos primeiros séculos da cristandade, ser seguidor de Cristo era um passaporte para a tortura ou a morte. Cristãos chegaram a ser usados como combustíveis vivos para iluminar a cidade de Roma à noite, amarrados em postes públicos e incendiados, com o apoio da população e as bênçãos de Nero. Mais tarde, quando a situação se inverteu e o cristianismo tornou-se hegemônico, usaria dos mesmos métodos contra seus antigos perseguidores. Em nome da fé, cristãos zelosos também queimariam vivos - em madeira verde para que o suplício fosse prolongado - os primeiros protestantes (além das parteiras, que possuíam o conhecimento dos remédios e ervas naturais, dos ciganos, dos cátaros, dos albiginenses, etc.) e todo aquele sob suspeita de professar uma fé, conduta ou mesmo conhecimento diferenciado. A Igreja, evidentemente, lucrava muitíssimo com o seu monopólio sobre os corações e mentes.

O saber popular afirma que basta dar poder a um homem para conhecermos suas verdadeiras inclinações, isso porque não faltarão oportunidades para que ele abuse desse poder. Da mesma forma, uma instituição, quando se torna majoritária, tende a estabelecer e estender suas próprias regras como se fossem parâmetros universais. Quando correntes religiosas neo-pentecostais, cada vez mais hegemônicas, condenam abertamente o culto afro-brasileiro, o espiritismo, o catolicismo, o Daime e demais formas de religiosidade cristãs ou não, facultando aos seus adeptos o estigma de pertencerem às legiões do diabo, estão na verdade abrindo um precedente perigoso para o futuro da sociedade e de seus próprios filhos, uma vez que estes não reconhecerão mais no vizinho o próximo que adota livremente sua fé, mas o inimigo perigoso que cultua o demônio e dele obtém seus favores. As carnificinas religiosas, sempre movidas por interesses econômicos, se utilizam da fé mal esclarecida de seus adeptos para que vizinho possa matar o vizinho sem piedade, culpa ou dúvida, uma vez que se julga a serviço de Deus. Para quem não vê perigo nestas disposições, vou reproduzir um diálogo recente com um colega que orgulhosamente se julga fundamentalista, porque considera sua fé mais zelosa e verdadeira que as demais:

- Veja que absurdo, Maurício! Foi enviada uma missão de evangelização à Aldeia X e os índios não aceitaram Jesus!

- Amigo, eles têm a sua fé e cultuam o divino à maneira deles. Não prejudicam ninguém com isso. Além do mais, se você mexer demais em suas tradições, acabará por destruir esse povo.

- Não tem problema algum eles serem destruídos. O que importa é que suas almas cheguem ao céu.

Um céu desses, eu não quero nem de graça.

País que só é tolerante na propaganda de cerveja

O Brasil é um país plural. Recebemos contribuições de africanos, europeus, asiáticos e índios, formando um amálgama de crenças e soluções para os desafios cotidianos que poucos países podem se gabar de possuir dentro de suas fronteiras. Ainda assim, as estruturas de poder econômico e político sempre estiveram nas mãos de elites mais preocupadas com a manutenção de seus privilégios do que com a construção de um país melhor. Isso gerou um aprofundamento das desigualdades, onde os direitos e a cidadania tornaram-se privilégio de poucos. Assim, a identidade e o orgulho de “ser brasileiro”, na prática só funciona para o pobre quando ele vê a representação de seu país ganhar eventos esportivos. O cotidiano o exclui da lembrança de pertencimento a um povo pacífico e criativo e ele passa então a desacreditar na possibilidade de sua inclusão no meio social e na eficácia dos aparatos políticos. Citando as palavras da antropóloga Alba Zaluar, coordenadora do Núcleo de Pesquisas das Violências da Uerj:

“Se as poessoas não encontram nas esferas jurídicas e políticas as soluções para estes problemas, o medo e o sentido de iminente colapso da ordem e da vida social as fazem procurar na religião e na privacidade, mais próximas a elas, o refúgio familiar e restrito para essa ameaçadora bola de neve. Neste processo, elas podem encontrar uma nova prisão e um novo perigo de conflagração: o diabo identificado no próximo”.

Foi neste vácuo de identidade e representação social que os cultos neo-pentecostais encontraram campo fértil para seu florescimento no Brasil, mais propriamente em meados da década de 80. Formulado nos EUA, o Pentecostalismo coloca os evangelhos e a des cida do Espírito Santo como foco central de sua doutrina, bem como qualifica as experiências de seus seguidores como similares às dos apóstolos, afastando-se do protestantismo histórico ou tradicional. Ao mesmo tempo em que resgata indivíduos em crise emocional ou financeira, facultando-lhes o sentimento positivo de dignidade e pertencimento a um grupo válido, absolve-os de transgressões passadas culpando uma entidade maligna cuja única função universal é enganar, matar e destruir: o diabo. Assim, o novo adepto, reformado, pode se desculpar perante o Divino e assumir uma nova identidade, porque a miséria de seus atos e transgressões passadas é atribuída às influências de entidades malignas que disputam com Deus os corações dos homens. “Aceitando Jesus” em seu coração, ele recupera a fé em si mesmo e no plano divino, recebe apoio grupal e passa a sentir-se em condições de se reformar, atuar e progredir socialmente onde antes encontrava sérias dificuldades. Até aí, perfeito. O problema começa – e apenas começa – quando o Diabo (que disputa com Deus os nossos corações) está na igreja vizinha. “Aceitar Jesus” passa então pela submissão do religioso à compreensão que determinada igreja ou pastor tem dos evangelhos. Daí por diante, inicia-se uma corrida bem mercantilista por fiéis e dízimos, onde a própria crença do outro passa a ser chamada de demoníaca.

O demônio ganha imediatamente uma “cara”, ou seja, está intimamente ligado com os orixás e entidades do panteão afro-brasileiro, está também disfarçado na adoração à Virgem ou no uso de imagens de santos para a oração. Dentro desta lógica, o mal deixa de ser visualizado nas relações sociais perversas ou desiguais. Segundo Cecília Mariz, PHD em Sociologia da Religião pela Universidade de Boston (EUA),

“O demônio seria para os pentecostais uma arma potente tanto contra a prática simultânea de religiões distintas quanto a adoção de valores e práticas de outros grupos religiosos. Neste caso, os pentecostais não demonizam apenas o oprimido socialmente (como seria o caso das religiões afros), mas também o socialmente mais bem sucedido (como no caso dos adeptos da Nova Era).

Se as correntes fundamentalistas tendem a negligenciar e desqualificar a luta por direitos sociais e civis, por outro lado beneficíam a eterna guerra cósmica entre as forças do bem e do mal. Guerra que pode acabar no seu quintal, na sala de visitas ou mesmo na intimidade de seu quarto. Não faz muito tempo que milhares de mulheres muçulmanas Bósnias foram estupradas em série, dentro de suas casas, sob a justificativa nada piedosa de transformar as novas gerações, os filhos do estupro, em bons sérvios cristãos.

O que ainda não entendemos muito bem

O cristianismo é posterior ao Induísmo, ao Budismo, ao Zoroastrismo, ao Judaísmo, ao Taoísmo, e outras crenças ainda adotadas pela maior parte da humanidade. Crenças que ajudaram a edificar civilizações sofisticadas e aplicar na vida comum conceitos belos e necessários. O cristianismo é preferencialmente ocidental e sua mensagem é de tolerância, amor e respeito ao próximo. Apesar disso, em seu nome foram cometidos os maiores crimes e atrocidades contra a humanidade.

Jesus chocou-se frontalmente com as concepções religiosas obtusas de seus compatriotas e líderes. Causava escândalo, por que o próximo, na concepção judaica da época, era tão somente o próprio judeu. Quem não professava nos mínimos detalhes a fé judaica, não era considerado próximo, podendo ser vilipendiado à vontade. Jesus, que também era judeu, costumava chamar os sacerdotes da época - orgulhosos por conhecerem na ponta da língua os textos sagrados - de sepulcros caiados, magníficos nas vestes e nas palavras, mas podres por dentro. Instigava seus apóstolos e fiéis a apreciarem as diferenças e perdoar aos inimigos. Assim, exaltou a fé e a atitude de um centurião romano, justificou o bom samaritano - que era um herege da época -, apoiou os esforços de um desconhecido que queria curar sem pertencer ao seleto grupo dos discípulos: “não o proíbam. Quem não está contra nós, está do nosso lado” (Lc 9, 49-50). Por fim, impediu a condenação de uma prostituta e prometeu o paraíso a um marginal arrependido, momentos antes de expirar. Deixou-nos também recomendações claras a respeito das atitudes preconceituosas, mesmo que em nome da fé:

“Não julgueis, para que não sejais julgados. Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós. E por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu olho? Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, estando uma trave no teu? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então cuidarás em tirar o argueiro do olho do teu irmão”. (Mt 7:1-5)

“Irmãos, não faleis mal uns dos outros. Quem fala mal de um irmão, e julga a seu irmão, fala mal da lei, e julga a lei; e, se tu julgas a lei, já não és observador da lei, mas juiz. (Tiago 4:11-12).

* Design gráfico, jornalista, técnico da Biblioteca da Floresta Marina Silva

sábado, 15 de março de 2008

Armadilhas da língua

Colaboração de Ana Paula Viana

Você sabe o que é tautologia?

É o termo usado para definir um dos vícios de linguagem. Consiste na repetição de uma idéia, de maneira viciada, com palavras diferentes, mas com o mesmo sentido. O exemplo clássico é o famoso 'subir para cima' ou o 'descer para baixo'. Mas há outros, como você pode ver na lista a seguir:

- elo de ligação
- acabamento final
- certeza absoluta
- quantia exata
- nos dias 8, 9 e 10, inclusive
- juntamente com
- expressamente proibido
- em duas metades iguais
- sintomas indicativos
- há anos atrás
- vereador da cidade
- outra alternativa
- detalhes minuciosos
- a razão é porque
- anexo junto à carta
- de sua livre escolha
- superávit positivo
- todos foram unânimes
- conviver junto
- fato real
- encarar de frente
- multidão de pessoas
- amanhecer o dia
- criação nova
- retornar de novo
- empréstimo temporário
- surpresa inesperada
- escolha opcional
- planejar antecipadamente
- abertura inaugural
- continua a permanecer
- a última versão definitiva
- possivelmente poderá ocorrer
- comparecer em pessoa
- gritar bem alto
- propriedade característica
- demasiadamente excessivo
- a seu critério pessoal
- exceder em muito
- sair para fora
- entrar para dentro

PS. Não podemos esquecer, apesar de não ser a mesma regra, o MIM que para muitos conjuga verbo, MIM não faz nada, somente EU faço alguma coisa!

Note que todas essas repetições são dispensáveis. Por exemplo, 'surpresa inesperada'. Existe alguma surpresa esperada? É óbvio que não.

Devemos evitar o uso das repetições desnecessárias.

Fique atento às expressões que utiliza no seu dia-a-dia. Verifique se não está caindo nesta armadilha.

Gostou?

Repasse para os amigos amantes da língua Portuguesa.


sexta-feira, 14 de março de 2008

O Dgirl's

Navegando há pouco por alguns blogs, depareime com o Dgirl's, um blog de conteúdo adulto de muito bom gosto. Entre tantas coisas que vi por lá gostei da listinha que republico abaixo e algumas charges.
Aproveito para divulgar o blog, já que é raro encontrar na web sites ou blogs com conteúdos como o que nele está pulblicado. Para acessar basta clicar aqui ou digitar o caminho na barra de endereço do seu navegador: http://didigirl.wordpress.com/


Frases que eles não dizem


1 - Já que eu estou em pé, você quer que eu faça um lanche para você?
2 - Vou aproveitar o sábado livre para arrumar a gaveta de roupas.
3 - Por que a gente não vai ao shopping e você escolhe alguns sapatos novos?
4 - Precisamos discutir nossa relação.
5 - Vamos só conversar. Sexo não é importante.
6 - Richard Gere está em “O Vigarista do Ano”. Temos que ver esse filme!
7 - Meu amor telefone para você. É o seu melhor amigo.
8 - Eu me perdi. Vamos parar o carro e pedir informação.
9 - Você vai fazer as unhas? Veja se tem horário para mim também, por favor.
10 - Você cortou o cabelo?
11 - Você deveria usar um biquíni menor.
12 - Acho a Mulher Samambaia (ou qualquer outra gostosa siliconada) tão artificial.
13 - Meus amigos me chamaram, mas só vou ao bar se você for.
14 - Vou reclamar. A vizinha da frente vive trocando de roupa com a janela aberta!
15 - Não se preocupe. Já coloquei a roupa suja na máquina de lavar.
16 - Esse sapato não está combinando com sua bolsa. É melhor trocar.
17 - Deixa que eu lave os pratos. Aproveite para dar uma saidinha.
18 - Porque você não experimenta mais alguns vestidos?
19 - Queria ver o jogo, mas você gosta tanto da novela… Pode mudar de canal.
20 - Não compre na primeira loja. Vamos procurar mais um pouco para escolher melhor sua roupa.

PS: Não é querendo me gabar não,
mas a maioria dessas frases
eu costumo dizer com
grande freqüência


Charges

Peguei lá no Dgirl's. Visite, vale a pena

Peguei lá no Dgirl's. Visite, vale a pena

segunda-feira, 10 de março de 2008

Profissão repórter


De repente, em meio à uma pauta, o carro quebra. Sobrou para as repórteres Renata Brasileiro e Marcela Barrozo empurrar o carro para o estacionamento da Ciatran, na Via Chico Mendes, na saída da cidade. Esse é o dia-a-dia dos jornalistas acreanos, que enfrentam de tudo para cumprir uma pauta. A foto é de Regiclay Saady que ficou de longe olhando e se fez de morto para não ajudar as meninas.

sexta-feira, 7 de março de 2008

Doutor com “D” maiúsculo

Minha profissão é uma das mais estressantes do mundo. Também é uma das que mais mata, principalmente por infarto. Isso porque o editor lida com todo tipo de situação, com muita pressão, corre sempre contra o tempo e não pode errar nunca, embora os erros sejam freqüentes. E quase inevitáveis.

Lidar com as palavras é algo complicado e requer o domínio pleno da língua. Apesar da exigência profissional, não tenho o domínio completo do vernáculo, mas me esforço bastante.

Algumas particularidades, porém, não consigo admitir. Uma delas é arrogância de quem escreve a profissão que exerce com a primeira letra em caixa-alta. O caso é que um juiz não pode ser apenas juiz, tem que ser Juiz, assim mesmo, com inicial capitular; promotor, idem, tem que ser Promotor, e assim vai com Prefeito, Advogado, Engenheiro e Empresário, que acreditam que seu status social aumenta se a profissão for grafada dessa forma. O mesmo acontece quando se referem a outros, mas só se for em caso de profissões mais nobres. Se o sujeito for um carpinteiro, vai ficar tudo minúsculo mesmo. E bem minúsculo.

Recebo textos assim todos os dias. A maioria vem de assessorias de comunicação. Esses profissionais fazem questão de homenagear os chefes com e colocam lá: “O Deputado Tal fez bonito na solenidade”, ou então “O Engenheiro Fulano condenou tal obra”, e assim por diante. Outro dia me deparei com um texto em que estava lá escrita a profissão de diversas autoridades em maiúsculo, mas quando se referia a uma funcionária do órgão estava escrito: “... a servidora Sicrana representou os funcionários”. Viram a diferença? quando se trata da autoridade é doutor com “D” grande, mas se for servidor, funcionário, barnabé, é com a primeira letra em caixa-baixa.

Quando é o próprio “doutor” que escreve assim, demonstra arrogância e prepotência. Quando se trata do assessor referindo-se ao manda-chuva ou demais autoridades, demonstra subserviência e desconhecimento de regras básicas do jornalismo.

Igualmente reprovável é mesmo o “doutor”. Todo mundo acha que deve ser tratado com tal título esquecendo que ele deve ser dado apenas àquele que se pós-graduou no âmbito do doutorado em alguma área do conhecimento. Ser juiz, promotor, desembargador ou mesmo médico não quer dizer que é doutor, muito menos doutor com “D” maiúsculo.


quinta-feira, 6 de março de 2008

Esse vai ser muito brabo quando crescer.



Sereias existem mesmo!
Veja abaixo um fóssil encontrado em uma praia deserta



quarta-feira, 5 de março de 2008

Lei mais sobre a presquisa com
células-tronco embrionárias


Pesquisa com céluas-tronco embrionárias


Acessei hoje O Velho e me deparei com esse texto que transcrevo abaixo. Não sei o nome do cara que o escreveu, mas faço minha as suas palávras. Você pode ler o texto e seus comentários diretamente no site, clicando aqui, ou acompanhe a reprodução que fiz abaixo.


Hoje, a partir das 14h, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) analisa a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 3510, que pede a revogação dos dispositivos da Lei 11.105/05 (Lei de Biossegurança) que permitem a pesquisa com células-tronco embrionárias.

Dependendo da ótica, podemos dizer também que hoje o Brasil escolhe o seu caminho para o futuro. Escolhe entre uma estrada reta, ampla como a aceitação popular, bem pavimentada pela sua competência científica adquirida ao longo de anos de pesquisa; e iluminada pelos holofotes da sabedoria, do conhecimento e da independência científica e tecnológica; ou entre uma estrada "de chão", que na verdade é um retorno de 180o, que leva ao obscuro futuro da dependência, dos mitos, dogmas e credices. Da confusão entre a Igreja e o Estado, que em sua expressão máxima leva ao fundamentalismo. Uma verdadeira "marcha-à-ré" em nossa sociedade, e do seu papel no mundo globalizado.

De Agnóstico praticante na juventude, a idade tem me brindado com uma revisão da minha espiritualidade, onde antigos conceitos e pré-conceitos são revistos sobre os cabelos já grisalhos. Entretanto, na minha opinião, a igreja católica (e quem mais se declarar hoje contra as pesquisas com células-tronco embrionárias) estará dando um "tiro no pé" na sua já sofrida popularidade. Batalhas perdidas em diversos países pela igreja nos lembram os anticoncepcionais, homossexualidade, a negação do aborto e da eutanásia. Esse me parece ser mais um motivo para futuros arrependimentos e pedidos de desculpas formais do Papa, onde, lamentavelmente, a igreja tem levado alguns séculos para reconhecer seus erros, seja apoiando a escravidão, seja queimando astrônomos nas fogueiras da inquisição. Entre outros. Parece que foi escrito ontem o texto A Igreja e o Estado, de 1910, de Mikhail Bakunin, que termina dizendo "...Se não quisermos que o progresso seja, em nosso século, um sonho mentiroso, devemos acabar com a Igreja.".

No âmbito jurídico, o argumento pode ser feito até por um estagiário de direito pois, afinal, a definição de "morte" para a legislação brasileira corresponde a ausência de atividade cerebral. Assim, por conseguinte, embriões com 14 dias, ou pouco mais, não podem ser considerados "vivos".

Por fim, ingênuo é aquele que pensa que uma sentença dessas envolve apenas o que foi grosseiramente pincelado ai em cima. As forças envolvidas nessa batalha são gigantescas, seculares e poderosíssimas. Igreja, Ciência, Estado, Sociedade e Indivíduo reafirmam seu poder e seu papel. Contudo, na prática, isso pouco importa para aqueles que estão presos as limitações e sentenças das suas doenças hoje ditas como incuráveis. O que importa de fato é a sentença dos nossos Magistrados. Particularmente tenho grandes esperanças que iremos da direção do futuro, e não do passado. E por isso rezo fervorosamente, por mais contraditório que possa parecer!


Como desapontar uma criança



Nunca fui a favor de pessoas que dão de presente para uma criança roupas, sapatos ou qualquer outra coisa que não seja um brinquedo. Mas, infelizmente, essa prática é mais comum do que se pensa. Vejam nesse vídeo o que acontece com um garoto que acredita está ganhando um videogame de última geração. O desapontamento da criança mostra muito bem o que estou falando.

O vídeo foi divulgado no YouTube e reproduzido essa semana no Sedentário & Hiperativo. Ele também está presente em uma grande quantidade de blogs pelo mundo.


terça-feira, 4 de março de 2008

Inclusão digital

Vai encarar?