quinta-feira, 27 de março de 2008

A dengue é problema nacional


Tenho acompanhado pela televisão e internet a polêmica causada pela epidemia de dengue que assola o Rio de Janeiro. Governo federal, Estado e prefeitura acusam-se jogando um para o outro a culpa pelas mortes causadas pela doença esse ano.

Vejo, porém, que os três estão errados e são igualmente culpados. A dengue não é um problema só dos cariocas, é um problema de todo o Estado do Rio de Janeiro, como também de todo o país. Não dá para um ou outro ficar tirando o seu da reta e fazendo jogo de mídia visando as eleições desse ano.

A prefeitura do Rio foi omissa e não teve a atuação necessária para impedir que a epidemia se alastrasse. O governo do Estado igualmente, pois deixou tudo sob a responsabilidade do poder público municipal e pouco fez em termos de saúde preventiva em todo o Estado. Não precisa estar lá para saber disso, basta acompanhar o noticiário televisivo.

Igualmente responsável, talvez até em grau maior, é o governo federal. A dengue é um problema nacional, quase uma calamidade que, ano após ano, vitima inocentes em todo o país, de norte a sul, de leste a oeste. Mas a responsabilidade não deve cair somente sobre os ombros do Governo Lula. Há décadas presidentes e mais presidentes, ministros e mais ministros, fazem pouco caso da dengue e jogam para Estados e municípios e até para o cidadão comum, a responsabilidade sobre o avanço da doença. É no Governo Lula, porém que estamos e é dele que se deve cobrar ações que visem a erradicação da doença no país.

Hoje a preocupação é com o Rio de Janeiro, mas no ano passado o Mato Grosso do Sul apresentou o maior número de casos do país. Em outros anos, o Espírito Santo é que menos cuidado teve na prevenção da doença, e assim vai... Além do Rio de Janeiro, há a preocupação agora com Manaus, onde foi registrado o tipo 4 da dengue, que se julgava extinto há quase três décadas.

O governo federal tem o dever de elaborar um plano nacional, que mobilize a nação, que envolva recursos, que tenha pessoal em quantidade suficiente e bem preparado, que mobilize, se preciso for, Exército, Marinha e Aeronáutica em uma operação de guerra para exterminar os mosquitos aedes aegypti e ponha fim aos casos de dengue no Brasil. Acima de tudo, o governo federal tem que estar à frente de sua execução, determinando as atribuições de Estados e municípios, cobrando responsabilidades e punindo quem não cumprir suas atribuições. Se preciso for, deve intervir nas administrações que não fizerem sua parte.

O governo federal deve promover campanha nacional de conscientização popular e chamar a população de parceira, ao contrário do que é feito atualmente, quando é chamada de cúmplice. É nos bairros (principalmente da periferia), nas ruas e nas residências que o mosquito se esconde. O cidadão que com ele convive tem que se sentir motivado e deve saber que sua contribuição é fundamental para que essa guerra seja vencida.

Não sou especialista em saúde pública, muito menos técnico em saneamento, mas aprendi, há muito tempo, que doenças como a dengue não mais deveriam existir se governos atuassem tendo como meta garantir a qualidade nessas duas áreas, seja no município, no Estado ou no país. Poucos fazem sua parte.

No caso do Acre, por exemplo, embora o Estado ainda não esteja bem servido nessas duas áreas, há um trabalho de prevenção forte, o que tem garantido baixos índices da doença na região. Rio Branco talvez seja a capital com menores números de casos. Mas nem garantindo 100% de saneamento, postos de saúde e médicos para todos e milhares de agentes de saúde nas ruas, não vai conseguir se ver livre da dengue definitivamente enquanto o mosquito não for definitivamente extinto no restante do país. O Acre, assim como Minas Gerais, vizinho do Rio de Janeiro, não podem fechar suas fronteiras para os demais Estados para impedir a entrada do mosquito. Somente com atuação nacional conjunta isso será possível.

A luta não é de um ou de outro, é de todos, mas cabe ao governo federal liderar essa guerra, caso contrário, quem vence é o mosquito.


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