quarta-feira, 2 de julho de 2008

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O que há de novo na
eleição da Ufac


No início de agosto próximo, professores, alunos e técnico-administrativos devem escolher o novo reitor da Universidade Federal do Acre (Ufac), a mais antiga e mais importante instituição de ensino superior do Estado. Dessa vez, uma mulher ocupará o cargo. De um lado, a professora Olinda Assmar, atual vice-reitora, e do outro, a professora Margarida Araújo, que já atuou como pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação. Seus vices são os professores Pascoal Muniz e Vicente Cerqueira.

Com exceção da discussão sobre a paridade no sistema eleitoral, aprovada ontem em assembléia, pouco de novo surge no cenário político acadêmico, ou pelo menos nada de novo se apresenta aos olhos de quem, de uma forma ou de outra, tem alguma relação com a academia.

Convivo com processos eleitorais na Ufac desde meados dos anos 80. Participei como apoiador de campanhas do DCE e CAs como militante estudantil secundarista e também como aluno do curso de História e vejo que essa é mais uma eleição cujo resultado pouco de bom trará para a instituição. Primeiro porque não há uma discussão mais aprofundada das propostas e dos nomes apresentados, pelo menos no meio discente; segundo porque os próprios candidatos não representam mudança alguma.

Respeito muito a professora Olinda, mas ela está na Ufac em cargo de direção há muito tempo. Votar nela é o mesmo que dar mais quatro anos a Jonas Filho e, convenhamos, Jonas foi um dos reitores mais inoperantes que já passaram pela Ufac. Creio que ele chega a ser pior que o Carlitinho ou o Lauro Julião. É um encastelado, um ser que parece ter se encantado com o cargo e se esqueceu de perceber as necessidades da instituição que dirige. Quando eleito, Jonas recebeu apoio de todos os setores da Ufac, parecia ser a resposta para os problemas vividos pela comunidade acadêmica, pois tinha uma militância política e conhecia bem a instituição. Oito anos depois, percebe-se que nada mudou.

Conheço pouco a professora Margarida, mas, como aluno, percebo que sua atuação política sempre esteve apagada, ou pelo menos nunca pareceu ser tão grande que a qualificasse para o cargo.

Os vices, no entanto, parecem ser a diferença. Vicente Cerqueira tem atuação política destacada na Ufac. Polêmico, mas incisivo e autêntico, ele tem se posicionado com destaque em todos os embates políticos da academia nas últimas duas décadas. Há os que gostam dele e há os que não o suportam, mas não há quem o ignore facilmente.

Já Pascoal Muniz é, com justiça, o grande destaque. Desse posso falar com mais propriedade, pois o conheço há muito tempo. Militante comunista, ele foi professor da rede pública e presidente da extinta Associação dos Professores do Acre (Aspac). Quem não se lembra da importância dessa instituição nas décadas de 1980? Pascoal foi seu presidente nos momentos importantes da política acreana.

Como militante comunista ele era ouvido, respeitado e admirado. Ele e os contemporâneos Marcos Afonso, Manoel Pacífico, Lula e Sérgio Taboada dirigiam o PC do B no Acre e fizeram essa agremiação combativa e respeitada em todo o Estado. Junto com Pacífico, Pascoal fez dobradinha nas eleições de 1986. Nenhum se elegeu, mas suas campanhas foram éticas.

Para algo de novo realmente acontecer na Ufac seria necessário que os candidatos das chapas mudassem de posição. Olinda deveria ser a vice de Pascoal e Margarida, a de Vicente.

Novo mesmo, porém, só com uma maior discussão política. Os candidatos deveriam levar suas propostas para os debates nas salas de aula, nos corredores e até para a polêmica sinuca do DCE. Os conchavos e acertos de cada chapa precisam ser de conhecimento geral. Os alunos também precisam cobrar mais. Precisam se posicionar e apoiar as boas propostas ou repudiar aquelas candidaturas que nada acrescentam e que pouco de novo podem trazer para a Ufac.

As eleições se avizinham, mas, fora as faixas da Olinda afixadas em todo o campus, nada indica que um processo tão importante está logo ali.


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