quinta-feira, 3 de abril de 2008

Sobre a propaganda eleitoral

Não sou tão velho, mas lembro que há alguns anos a propaganda política na televisão era a coisa mais chata do mundo. Aparecia apenas um cartaz, com a cara, o nome e o número do sujeito e era lido o currículo dele. Isso se repetia, candidato após candidato. A abertura política veio e, com ela, a possibilidade de programas políticos mais elaborados, com o candidato falando sobre sua plataforma política, entrevistas de eleitores, depoimentos e reportagens sobre temas ligados às idéias dos partidos e seus membros.

A propaganda que se vê hoje na televisão, a qual classificamos também classificamos como chata, representa um avanço enorme se comparado ao que se via há algumas décadas. O mesmo acontece com o rádio, cartazes e outros instrumentos de publicidade visual.

Hoje, nos primeiros anos do século XXI uma nova revolução na propaganda política começa a tomar corpo com o uso da internet. A rede mundial de computadores existe já há muito tempo, no Brasil e no mundo, mas até agora não havia uma investida direta nesse tipo de mídia. Apenas alguns blogs, perfis em sites de relacionamentos ou mesmo sites específicos tratavam do assunto. Agora há uma tendência maior de uso da rede para a conquista do eleitorado.

A internet não pode mais ser um instrumento dispensado pelos políticos e partidos. De acordo com reportagem divulgada pelo jornal O Globo no dia 2 de fevereiro, o Brasil representa quase a metade de todos os computadores vendidos na América Latina e já está entre os cinco países que mais vendem PCs no mundo. Foram 10,7 milhões de computadores vendidos só em 2007. Uma parte considerável desses computadores se ligara diretamente à internet pela primeira vez, aumentando o número de residências com acesso à rede mundial. Em 2004, o Brasil já figurava com o oitavo país mais conectado à internet. Em 2006, 15% das residências urbanas já contavam com computadores ligadas à internet. Já em 2008, o número de internautas residenciais no Brasil atingiu em fevereiro 22 milhões de pessoas, um aumento de 56,7% em relação ao mesmo mês de 2007. Os dados são de pesquisa feita pelo Ibope/NetRatings, divulgada no dia 26 de março (Veja aqui).

Esses números mostram claramente o poder da internet. São números que não podem ser ignorados por ninguém que queira ser candidato a algum cargo eletivo.

Em outras eleições, principalmente nas duas últimas, muitos políticos já utilizaram a internet para divulgar suas propostas, mas isso se deu de forma tímida, eu diria até que sem muitas pretensões. A mala direta via e-mail foi o instrumento mais usado, embora alguns sites tenham sido inaugurados com o fito de divulgar os candidatos, mas nada sem muita interatividade e sem ousadia que é peculiar aos portais da rede.

Hoje o MySpace, maior site de relacionamentos da internet anuncia que vai atuar nas eleições deste ano no Brasil. O MaySpace foi o maior responsável pelo crescimento do pré-candidato à presidência dos Estados Unidos, o democrata Barack Obama. O site pode fazer a diferença e inaugurar um novo momento na propaganda eleitoral no país.

A idéia é promover o debate político que possibilite a interação com o eleitorado, principalmente o mais jovem, que se sente excluído das discussões mais sérias e sisudas do padrão atual. O Yahoo! Brasil também tem projetos de participar ativamente das eleições deste ano.

A viabilidade da internet já chama a atenção dos partidos, principalmente os que têm estrutura maior. Hoje partidos como o PT, PCdoB, PMDB, Democratas e outros já dispõem de portais bem elaborados, dinâmicos e interativos. Mas eles ainda não conseguem atrair um publico diferente daquele composto de militantes e simpatizantes. Essa tarefa deve caber, a partir de agora, às equipes de marketing, que obrigatoriamente devem contar com bons webdesigners e programadores visuais.

O filão existe e é pouco explorado. Vai se dar bem quem melhor utilizar esse novo instrumento e quem melhor conhecer os internautas. Mas de uma coisa fiquem certos, ninguém poderá ignorar a internet, sob pena de navegar, mas não na rede, mas sim na balsa para Manacapuru.


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