terça-feira, 2 de junho de 2009

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Novos ares de cultura
no império de Galvez


Fui neste domingo à Bienal da Floresta, do Livro e da Leitura, que vem sendo realizada desde sexta-feira na Praça da Revolução, do lado da Biblioteca Pública. Fui com o meu filho Lucas, de 12 anos. Também estive lá no sábado, mas não pude me ater por mais tempo.

Confesso que fiquei fascinado com ar de cultura que a cidade vive com esse evento. Livros, muitos livros, para todos os gostos, um majestoso visual, e o melhor: boa música. No sábado, um grupo fez uma bela apresentação com o melhor do chorinho, estilo musical legitimamente brasileiro. Domingo, um grupo não menos talentoso apresentou do chorinho ao estilo clássico. O que vi mostra que boa música e leitura formam uma combinação perfeita.
Vi casais apaixonados que ouviam a música, escolhiam livros; vi senhores e senhoras admirados com a perfeição dos acordes e com a recordação de um som que há muito não ouviam ou fascinados pelo autor clássico, pela nova edição do título que lhes marcou a vida; vi crianças que se balançavam com a música que ouviam pela primeira vez e vi seus olhinhos brilhando com o colorido do livro infantil e sorridentes com os textos especialmente elaborados para elas.

Nunca antes nessas terras de Galvez me senti tão entusiasmado com as perspectivas da cultura acreana. Creio que a Bienal se apresenta como um marco divisor que sinaliza o salto qualitativo na cultura desta terra.

Fiquei empolgado, sim, mas admito que algumas coisas me deixaram decepcionado. O preço dos livros, por exemplo. Há alguns títulos bem em conta, mas a grande maioria está com um precinho lá nas alturas... Nos dias de comércio on line, sai bem mais em conta fazer um pedido via monitor do que comprar diretamente na livraria. O livro chega em dois dias e custa quase a metade do preço do que é vendido na biqueira de casa.
Para uma bienal do livro, que tem como principal objetivo o incentivo à leitura, preço é fundamental.

Senti falta também das atividades lúdicas na praça. Vi algumas no interior da Biblioteca Pública, mas a praça é o lugar de todas as brincadeiras e diversões. Atividades assim, em lugar fechado, desestimulam. Lembro que elas eram muito bem exploradas pelo Sesc durante a Feira de Livros Infantis. Sessões de “contação” de histórias, oficinas de teatro ou mesmo apresentações de pequenas esquetes prendem a atenção da criançada e fazem fluir as fantasias que estimulam o desejo de ler e aprender.

Mais falta ainda senti da produção local. Vi títulos espalhados nas bancas, mas não reparei num trato diferenciado para a divulgação da “prata da casa”.
Claro que essa é a primeira bienal. A experiência de agora servirá para as próximas edições. Muito há que ser corrigido e muito mais deve ser mantido e melhorado. Porém, a semente foi plantada e está germinando bem rápido.

De tudo que vi em poucas horas na praça, o que mais me empolgou foi a reação das pessoas. O que descrevi no terceiro parágrafo deste texto não relata a realidade. Havia satisfação no rosto de todos. Havia sorriso de alegria com a beleza do local, com a quantidade da boa informação, com a boa música e com o prazer de ver a praça fervilhando de cultura.

No fim de semana devo voltar à Bienal. Dessa vez quero levar meus três filhos. A mais velha, Ana Paula, há muito tempo aprecia uma boa leitura. Lembro que me endividava todo para comprar livros para ela na feira do Sesc quando ela ainda era uma menininha. O do meio, o Lucas, esse é meio arredio com a leitura. Mas tenho feito de tudo para que ele se interesse. Quanto à mais nova, Juliana, creio que ela vai ser uma leitora contumaz. Aposto neles, pois sei o quanto a leitura é prazerosa e o quanto o conhecimento nos faz seres humanos melhores. Quero reservar um bom dinheiro para comprar livros. Para mim e para eles. Não será um gasto nem um desperdício - será um investimento, um dinheiro usado para produzir em meus filhos o mesmo que os livros produziram em mim.

Quanto a você, caro leitor, espero que visite também a Bienal da Floresta, do Livro e da Leitura. Certamente terá a mesma boa sensação que eu tive. Se isso acontecer, garanto que a bienal já atingiu o seu objetivo.
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