quinta-feira, 7 de agosto de 2008

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A mensagem das urnas


No último dia 4 a Ufac passou por um processo eleitoral importante, quando foi eleita a nova reitora da instituição, a doutora em Letras pela UFRJ, Olinda Batista. Ela foi eleita com pouco mais de 50% dos votos dos professores, técnicos e alunos, mas teve grande rejeição entre os alunos.

Esse pleito teve caráter diferente dos anteriores. Foi essa a primeira vez que o voto dos três segmentos que compõem a comunidade universitária se equiparou. Isso graças ao voto paritário, recém aprovado pelo Conselho Universitário.

A nova forma eleitoral, defendida pela União Nacional dos Estudantes já vem sendo empregada com sucesso na maioria das instituições de ensino superior e no Acre não foi diferente. A eleição do dia 4 não apenas escolheu a primeira mulher a dirigir a Ufac, mas inaugurou uma nova relação institucional onde os interesses dos alunos não mais deverão ser ignorados pela reitoria.

Antes, a relação eleitoral era injusta e valorizava bem mais o voto dos professores em detrimento do dos técnicos universitários e alunos. O voto dos professores valia 70%, enquanto que os dos alunos apenas 15% e dos técnicos 15% também. Vejam o poder que tinham os docentes no processo eleitoral.

Para se eleger, o candidato a reitor devia apenas assumir compromisso apenas com os professores e nessa negociação valia tudo, desde a autorização para a participação em um curso de mestrado ou doutorado, quanto o afastamento desse ou daquele professor que não se enquadrava com os interesses do grupo majoritário. Enquanto isso os alunos sofriam com a falta de professores e com os mais diversos problemas de administração acadêmica. A maioria dos alunos passa quatro, cinco ou seis anos sem se quer ver a cara do reitor, com exceção daquelas aparições na televisão ou no jornal. Não fosse por isso, os alunos se quer saberia quem realmente é o reitor da Ufac.

Os técnicos também foram depreciados nesse processo. Foram raras as vezes que foram levados a sério em suas reivindicações.

Olinda foi eleita, mas jamais vai poder ignorar a mensagem que as urnas lhe deram. Se ela quiser ser reeleita ou fazer seu sucessor, não vai mais poder ignorar os alunos. A sua administração terá que levar em consideração que a instituição existe em função deles e que para eles que foi fundada. Não dá mais para conviver com a falta de professores, com as incertezas sobre a grade curricular, com a certeza de que na Ufac entrar não é difícil, mas sair é que são elas.

As salas de aula são insalubres em sua maioria. As cadeiras são desconfortáveis. Falta giz. Falta louza. Os banheiros são fétidos e o principal: falta professores. Esses são apenas alguns dos muitos problemas que são ignorados pela administração, mas que afeta diretamente o alunos e seus rendimentos escolares.

A relação desigual na hora da escolha dos reitores transformou os alunos em qualquer coisa, menos em peso político com capacidade para influir e mudar a realidade acadêmica, mas outros fatores também contribuíram para tanto, como a falência do movimento estudantil e a falta de lideranças capazes de aglutinar e sugerir propostas em benefício da classe. Talvez agora, com o novo momento de democracia que viverá a academia, esse cenário possa mudar e os alunos acordem para reivindicar o que lhes é de direito.

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