sexta-feira, 29 de agosto de 2008

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Dia mundial sem o tabaco



Eu sou o exemplo vivo de que, quando se quer, é possível parar de fumar. Há mais de três anos não ponho um cigarro em minha boca. Desde então ganhei mais qualidade de vida, além de adotar uma postura politicamente correta que sirva de exemplo a meus filhos, amigos e outros que por ventura pretendam parar de fumar.

Comecei cedo, por volta dos 14 anos. No início eu apenas acendia o cigarro para os amigos e dava umas tragadinhas de vez em quando para sentir como era o gosto. Eu achava bonito fumar. Para mim era um hábito elegante. Espalhava-me nos homens e mulheres que fumavam no cinema. Eles eram o máximo. Assim achava.

Felizmente parei, mas não foi por causa dos problemas de saúde ou por causa dos alertas nas campanhas antitabagistas. Esse tipo de argumento não sensibiliza o fumante e não o faz parar de fumar. Sei disso por experiência própria. Vi meu pai morrer de câncer. Foi uma cena horrível, mas nem isso me fez querer parar.

O que me motivou pelo fim do vício foi a mudança de consciência que se instalou na sociedade a partir da década de 1990. Desde então pude perceber que fumar não era mais bonito. Pelo contrário, se tornou um hábito feio, nojento e anti-social.

Eu passei a me sentir mal de fumar em locais públicos, principalmente em mesas de bar. Sempre que sentia vontade eu me afastava para dar umas tragadas. Perdia sempre boa parte das conversas com os amigos.

O cheiro que ficava em minha roupa e em meu cabelo nunca era percebido por mim, mas incomodava as pessoas ao meu redor, principalmente minha mulher e minha filha. Aos poucos percebi que eu podia ser relapso para com minha vida, mas não podia ignorar o mau que fazia à saúde daqueles que me queriam bem.

Quando tomei a decisão de parar não tinha dúvida de que estava preparado e que era a hora certa para isso. Fiz duas tentativas utilizando chicletes e adesivos de nicotina. A primeira foi frustrada, mas na segunda obtive sucesso total e hoje me sinto bem pela decisão que tomei. Não foi fácil, mas consegui.

Uso o meu exemplo para mostrar que o alvo das campanhas que o governo federal vem promovendo com o apoio dos Estados e municípios estão com o foco errado. Todo fumante sabe dos riscos do tabaco para o seu organismo e falar do câncer, do enfisema pulmonar ou dos dentes estragados não o fará parar. Mas se lhe for mostrado o quanto ele incomoda, o quanto o seu hábito é feio e repugnante, creio que a eficácia será maior.

É esse tipo de mensagem que tem que ser repassada aos jovens. Nos dias atuais eles começam mais cedo a beber e a fumar e isso acontece, na maioria dos casos, por que acreditam que o ato de fumar lhes dá aparência madura, ou que ficará mais moderno e elegante. As campanhas têm que mudar esse tipo de concepção, fazendo com que os jovens percebam o quanto estão fora de moda.

Hoje acontece em todo país uma dessas campanhas. A data foi antecipada, pois é domingo, dia 31, que foi instituído pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o Dia Mundial sem Tabaco. O tema desse ano será “Ambiente livre de fumo é direito de todos”. Por si só ele já deixa claro que a idéia é inibir o fumo em locais públicos, mas, ao que parece, os discursos serão novamente voltados para o quanto é prejudicial para a saúde o fumo. Nada se fala sobre o quanto é feio fumar, seja em público ou reservado.

Dois grandes amigos colegas de trabalho ainda fumam. Pretendo fazer uma campanha aqui no Página 20 para que parem também, assim como eu e outro colega que também optou por uma vida mais sadia, mas usarei tática diferente e os convencerei, tenho certeza, de que suas presenças me serão mais agradável quando estiverem mais cheirosos e com sorrisos mais belos sem o amarelidão do cigarro. Essa é minha meta e espero que, no próximo ano, esteja escrevendo nesse mesmo espaço no dia de hoje para contar que obtive sucesso.

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