sexta-feira, 27 de março de 2009

...
Quem vai encarar?

...

quinta-feira, 26 de março de 2009

...
Tô si sentindo


Fiquei contente de saber que o meu humilde bloguinho foi citado durante a palestra proferida pelo professor-doutor da Faculdade do Espírito Santo, Fábio Malini (foto), ontem durante a Oficina de Blogs, Estilos Textuais e a Construção da Reputação em Rede na Biblioteca da Floresta Marina Silva. Malini participou do projeto Rumos Itaú Cultural 2009. Após ter analisado a maioria dos blogs locais, ele teria dito que este é um dos que mais lhe chamou atenção, dado ao seu conteúdo de humor e variedades.

O comentário de Maline mostrou que alcancei muito mais do que o objetivo inicial do blog que era, exatamente, nenhum. Ou quase nenhum. Na verdade, quando tive a idéia de fazer um blog, pensava apenas em colocar ali as coisas que acho interessante para compartilhar com alguns amigos. De vez em quando me depara com boas imagens, boas piadas, vídeos interessantes, os quais posto no blog para que um pequeno grupo de pessoas que o acessa possam também apreciá-los. Vez por outra, também, resolvo escrever um ou outro textinho, nada com grandes pretensões, apenas coisas que acho que não devem passar em branco. Em outras ocasiões eu publico textos, diversos, artigos e crônicas que considero legais, como o caso dos dois textos anteriores que tratam da polêmica que se criou em torno do termo acriano, sugerido pela nova ortografia como o gentílico correto para determinar os que antes eram acreanos.

Nunca tive grandes pretensões com o blog e, por várias vezes, quase deixei que ele morresse. Mas sempre tinha alguém que não deixava. Uma delas é a minha amiga Giselle Lucena. Certa vez, depois de quase dois meses sem postar nada, ela me liga e diz: “Tião, o que está acontecendo? Não deixa de postar, não deixa o blog morrer”. Outros amigos também me cobram e, portanto, vou levando devagar.

Juro que fiquei me sentindo quando soube do comentário de Fábio Malini. Ele conhece do riscado e, portanto, tem autoridade para comentar, elogiar e criticar. Creio que até se ele falasse mal do blog ainda me sentiria contente, pois perceberia que ele o vê. Se o comentário foi positivo, melhor ainda, pois viu e o apreciou. Por curiosidade vi o blog dele também (fabiomalini.wordpress.com). Fiquei fascinado. O cara é muito organizado. O blog é todo bonitinho, bem ilustrado e aborda temas atuais. O que mais gostei, porém, foi da forma como ele foi construído: as cores escolhidas, a disposição das fotos, dos links e tudo mais. Verdadeiramente, o blog dele é um lugar gostoso de se visitar.

No mais, creio que ganhei novo gás a partir de agora. Vou procurar um tempinho a mais para me dedicar às postagens e espero o blog continue sendo visto por outras pessoas e que ele lhes cause a mesma impressão que causou a Fábio Malini.
...

quarta-feira, 25 de março de 2009

...
O cinema com algumas décadas a mais






...

terça-feira, 24 de março de 2009

...
O trote do cachorro


...
...
O Cão atentando
O Satanás quando quer pertubar um vira qualquer coisa



...

sábado, 21 de março de 2009

...
ACREANO, SIM! ACRIANO? DEVE SER ALGUM ALIENÍGENA.



José Augusto Fontes*

Até agora eu estava quieto com essa nova regra ortográfica que, conforme tenho escutado e lido, faz com que a grafia de acreano passe a ser acriano. Esperei por professores, mestres, por dois ou três doutores da Língua Portuguesa que, com mais técnica e clareza do que eu, escrevessem a respeito. Esperei pelas autoridades institucionais da Cultura e da Educação... Até pelos congressistas, esperei. Como há prazo para agir, vou eu mesmo defender minha naturalidade. Sobre o Acordo Ortográfico, deve-se deixar claro que sua intenção é padronizar a escrita entre nações lusofônicas (Brasil, Portugal, Angola, Moçambique, Guiné Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Timor Leste) para facilitar, em geral, o trato e o uso da língua, buscando também um maior reconhecimento internacional. Não há intenção de modificar a tradição lingüística, tampouco de alterar substancialmente a grafia de palavras vinculadas, por exemplo, pela historiografia, pela tradição, ou vinculadas a nomes, firmas ou à naturalidade de um povo.

Acreano diz respeito a uma naturalidade. Quem nasce no Estado do Acre é acreano. Há também os acreanos por opção. E é assim há muito tempo, o que envolve toda uma História, uma bela e respeitável História. Há tradição e sentimento. Há cultura e laço social. A grafia acreano não é assim como um sujeitinho que se muda ao vento que vem de longe, nem é como um predicado que pode variar, como se fosse um apelido. Ser acreano não é algo que se adjetiva ou diminui por acordos, regras ou tratados. Acreano não é uma palavra para ser vista pelas vogais que a compõem, átonas ou não, mas por todo o conjunto que personifica uma boa gente. Ser acreano é algo único, é aptidão revolucionária, é a caracterização de um povo, e isto não é mutante. Ser acreano é perene! Até mesmo o pessoal que faz política vinte e quatro horas por dia, sem enxergar o palmo adiante, deve ter alguma sensibilidade para entender a regra da acreanidade. Essa regra é ditada pelos acreanos. Será que teremos que mudar a letra do Hino Acreano? Ou por outra, será que o Sérgio Souto vai ter que ficar mais solto e modificar o aquiry para acriri? E se mudasse, como explicar para os índios, que possuem a patente e fincaram a lança? Como justificar isso para todo um povo?

Vou mudar o rumo. Descer de bubuia tem conotação específica, é uma expressão amazônica de personalidade bem talhada. A palavra bubuia tem várias vogais que se encontram. Se alguns sabidos resolvem criar uma regra, pra português ver, e tornam a palavra em bubuiá, ou em bubuea e depois nos contam a conversa da regra, como nós a explicaremos para os ribeirinhos, ou para os seringueiros, por exemplo? Eles vão achar que nós estamos variando! Para o povo que patenteia, pelo uso, uma expressão, não é só a grafia que a denota. A grafia corresponde, invariavelmente, a algo que se materializa num contexto. A palavra acreano tem vínculo e tem contexto só dela. É diferente de palavras desvinculadas, como estrangeiro, ingênuo ou burro. A palavra acreano tem especificidade e está gravada em nosso peito, com nobreza, constância e valor. Pois bem. Quem foi mesmo o sabido que aplicou a “regra nova” à palavra acreano e inventou o alienígena acriano? Deve ter cabeça de tucandeira!

Muito bem. Vamos ao ponto, mas sem dar muito ponto para regras. Pouco interessam as vogais átonas ou os is antes disso e daquilo. Isto tudo é um hiato, diante do significado da palavra acreano. Quando fiz Letras, com licenciatura plena, se fazia Língua Portuguesa junto com Língua Inglesa e com várias literaturas, como a Americana, a Inglesa, a Portuguesa e a Brasileira. Só digo isto para afirmar que nunca vi uma naturalidade ser mudada por regra nenhuma. E que mesmo estudando as regras, sempre considerei mais interessante conhecer a beleza comunicativa das línguas, a tradição lingüística, as criações e regionalismos, a palavra contextualizada. Por isso, não me interessa buscar apenas regras para justificar que acriano é uma palavra incoerente, inadequada e imprópria para naturalizar quem nasce no Acre. A palavra acreano, insisto, é vinculada a uma raiz histórica, tem a tradição de identificar um povo e está imune a uma simples regra ortográfica relacionada a palavras com encontro de vogais, sejam elas átonas, tônicas ou alienígenas.

Meu argumento não pretende ter essência técnica nem especialização acadêmica. Parto da lógica, da simplicidade no uso da língua, da tradição, e até rabisco pequenos traços da etimologia. Sempre tive comigo que o principal das línguas é possibilitar a boa comunicação entre seus usuários. Normas que dificultam o entendimento entre as pessoas, a interação e a comunicação em geral, são coisas para teóricos. São fantoches e estão em plano inferior, pois servem a poucos. O que deve interessar nos idiomas, em qualquer deles, é proporcionar aos seus usuários uma boa interação, e que se relacionem melhor com o uso da língua comum. Regras são secundárias. No cerne, a língua existe para facilitar a comunicação entre as pessoas que a usam. E serve também, entre outras coisas, para escrever a história do povo falante, registrar eventos, evolução social e idéias, por exemplo. O próprio Acordo entre nações que falam Português pretende exatamente facilitar o entendimento e a comunicação entre as pessoas. Parece óbvio que um acordo ortográfico com tal pressuposto não pretenda impor a um povo que mude a grafia de sua naturalidade.

Uma palavra como acreano tem vinculação (histórica e cultural, dentre outras) e a simples aplicação da regra a sílabas tônicas ou átonas não a desvincula da sua essência e da personificação que a envolve. Então, as pessoas não devem se preocupar em escrever acriano por causa do pressuposto (enganoso) de escrever o que passou a ser correto. O certo mesmo é que a reforma, o Acordo e a regra não podem ser capazes de mudar a grafia de uma naturalidade, em palavra de uso consagrado pelo povo. O mesmo acontece, por exemplo, com os nomes próprios. Há Ernandes, Ernanes, Hernande e até Ernani. É impossível unificar tais nomes ou impor apenas uma grafia, com base em dada regra ortográfica. Cada um deles, no ente que o incorpora, tem identidade própria, tem personificação e contexto independente. Outra hipótese. A trema deixou de existir completamente, conforme a norma. Porém, ninguém pode tirar a trema de Müller, por exemplo. É que Müller está vinculado a uma identificação e tem uma raiz própria. Logo, a trema fica nesses nomes, mostrando exceção à regra.

Vou misturar idéias sobre isto. Havia um jornalista acreano chamado Fé em Deus, cujo nome era escrito Pheyndews. Dizem que não foi permitido registrar no modo pretendido, que seria mais simples. A regra não deixou, mas a criatividade patenteou a fé. Há famílias acreanas com sobrenome Brasileiro do Acre... Há uma raiz nisso. Imaginem se alguma nova regra ordenasse que os naturais do Rio de Janeiro passassem a ser careocas? Os da gema passariam a ser da clara? Ou então, por outro prisma, vamos supor que alguma regra surgisse e exigisse das pessoas que moram, aqui em Rio Branco, no bairro Papôco, uma boa explicação sobre a origem do nome, sob pena de o bairro passar a ser chamado de Silêncio? O pipoco seria arrumado e não teria galo piroco que desse jeito!

Por isso, a regra pela qual o acreano se torna perene envolve paixões. Paixão não é como simples apego a normas. Paixão quebra tabus, rasga regras e desafia padrões. E a paixão de ser acreano está bem acima de vogais, existe antes da florestania, ignora a academia, não tem hiato nem discurso, tem História e glória, está no sentir e no viver! Apenas para não fugir completamente da regra, vou pinçar alguns de seus trechos. Em um deles, o texto do Acordo, na Base XXI, esclarece que, para ressalva de direitos, pode-se manter a grafia original de firmas comerciais, assinatura de nomes próprios ou de sociedades, de marcas e de títulos publicamente registrados. Ora, se é assim com esses, fica evidente, com maior razão, que poderá ser mantida a palavra acreano, na grafia histórica e consolidada, que denota um povo e que identifica uma naturalidade!

Tenho notado que as pessoas estão preocupadas em escrever “certo”, ou em não escrever “errado”. Alguém escreve acriano em algum lugar, e logo aduz que está assim em razão da nova ortografia. Dias atrás, li uma notinha que trazia escrito o tal acriano e o autor fazia um lembrete, assim como: ‘não esqueçam, agora é assim que se escreve’. Só faltou dizer que é assim que se escreve acreano. Outros, mais didáticos, lascam uma explicação: ‘escrito assim em obediência à nova grafia correta, conforme regra tal, ditongo fulano e hiato sicrano’. É uma festa de barracão, sem luz de lamparina, sequer. Recebi convite no trabalho para uma reunião com colegas acrianos. Fiquei triste. Vi propaganda na TV de um supermercado cheio de si por ser acriano. Não duvido que em breve os produtos nativos sejam lá vendidos como importados de Portugal. Açaí do Porto, buriti lavado no Tejo, banana lisboeta. Até a farinha será d’além mar, da ilha da Madeira, local também muito conhecido por suas florestas com espécies evoluídas e atualmente corretas de Pau Brasil, Castanheira e Samaúma.

Caso alguém queira aprofundar o debate, a palavra acreano subsistirá, inclusive, pela aplicação da ortografia etimológica, que indica a preservação nas palavras, das suas letras de origem, e essa aplicação, se conjugada com a essência da palavra a caracterizar o berço de uma gente, certamente apontará para o acreano original. Mudar acreano para acriano desvirtua e desnatura o que é natural, subtrai toda a carga histórica, detona o arcabouço cultural e fere o sentimento de um povo. Além disso, acriano é palavra feia, desconexa, sem turma nem simpatia, totalmente fora de contexto. Acriano é um engano.

O que pode justificar que acriano é certo e acreano é errado? Encontro de vogais abertas, átonas, ou ter que escrever o i aqui e ali? Que nada! É só empurrar um pouco o pensamento que a regra desce, por assim dizer. Não vou me ocupar em traduzir normas, mas ainda vou citar o próprio texto do acordo, neste particular. O tal acordo ortográfico estabelece isso e aquilo com relação às sílabas, vogais átonas, aos adjetivos e outras coisas mais. São linhas gerais, e ortografia nada mais é do que uma convenção social. Quero dizer que o sentido, a naturalidade que evoca, e o valor histórico patenteado na palavra acreano estão muito além dos ditongos e a tônica é outra. Aí sim, acreano está além mar. Não há regra para mudar isto. Aliás, nem mesmo a regra pretende tal mudança. Sua origem e seu objeto se prendem a facilitar o entendimento entre povos de Língua Portuguesa. Logo, está longe da regra a intenção de modificar o bem natural e a herança social de um povo.

Se filólogos e especuladores preferirem, posso dizer de um modo mais técnico, o mais apurado que consigo: essa conversa de escrever acriano, que não sei de quem partiu nem de onde veio, é fiada. Nem vou me valer da tese de que toda regra tem exceção, embora seja pertinente ao caso. Há argumentos variados. Um argumento da lógica, é que a novidade não surge para modificar a essência do que existia, pois se assim fizesse, acabaria com o que estava e não aconteceria uma mudança, mas uma eliminação. A essência deve ser preservada, do contrário, restará desfigurado o que havia. Neste âmbito, deve prevalecer a etimologia relacionada à vinculação da palavra com um grupo social. E o essencial é que a palavra acreano caracteriza uma naturalidade e nos identifica. Isto traz em si componentes históricos e culturais inestimáveis. Embute sentimentos. Agrega tradições imutáveis. Sendo assim, está bem adiante de mera regra ortográfica.

O próprio texto do Acordo sustenta minhas afirmações. Na Base V, que trata especificamente do caso das vogais átonas (parte que modificaria, em tese, acreano para acriano), se lê no item 1º que “o emprego do e e do i, assim como o do o e do u, em sílaba átona, regula-se fundamentalmente pela etimologia e por particularidades da história das palavras...”. Ora, o emprego é determinado pela história da palavra e pela etimologia! Além deste efetivo amparo à manutenção da palavra acreano, no Acordo há vários exemplos de exceções às regras e há também vários deles em que se permite a grafia alternativa, em relação a palavras ou a acentos. Na Base VIII se possibilita grafar bidé ou bidê, croché ou crochê, dentre outras formas. Na Base IV, é possível manter ou suprimir o g em amígdala, por exemplo. Na Base II, pela etimologia se mantém o h em herbáceo, mas pela consagração do uso ele permanece suprimido em erva. E para não ficar muito longa a menção à regra, digo, por fim, que a Base III aborda a diferença no emprego de homofonia, regulado pela história das palavras e que o item 3º da Base I aponta que os vocábulos autorizados registrarão grafias alternativas admissíveis. Então, nenhuma rigidez é imutável na regra ortográfica, como também não é na vida. E a língua é personificada na vida das pessoas, pelo uso, pela significação, pelo contexto histórico e pela tradição, como ocorre com a palavra acreano.

Antonio Houaiss foi um dos idealizadores do Acordo Ortográfico firmado em 1990, e que passou a vigorar em 2009. Após o falecimento dele, em 1999, suas propostas continuaram impulsionando a formatação das etapas seguintes. Em 2008 adveio a obra ‘Escrevendo Pela Nova Ortografia’ (2ª edição. Rio de Janeiro: Instituto Antonio Houaiss. Publifolha, 2008), na qual se lê: “Uma língua é muito mais que um meio de comunicação; ela é, sobretudo, um patrimônio historicamente construído pelas sociedades que a falam e, em muitos casos, também a escrevem... As variedades de uso fazem parte da língua e jamais estão sujeitas aos efeitos de atos normativos emanados de qualquer autoridade pública... Unificação ortográfica nada tem a ver com uniformização da língua. As línguas são como são em virtude do uso que seus falantes fazem dela, e não de acordos de grupos ou de decretos de governo”. O texto do mestre não deixa dúvidas, a língua é do povo e a consolidação das palavras advém do uso pelos falantes.

Ainda assim, é sempre bom assegurar amparo efetivo. As autoridades (da Educação, da Cultura, das universidades, do Poder Público em geral e da política) e os acreanos interessados (as academias, inclusive) devem providenciar, com brevidade, ações para a manutenção da grafia histórica, tradicional e correta da nossa naturalidade, também nos dicionários e na norma. O Acordo está em vigor, mas há um prazo para adequações que termina em 1º de setembro deste ano. Apresento para as autoridades, o endereço eletrônico de contatos referentes a adaptações e mudanças: acordo-ortografico@mec.gov.br. Porém, o decreto governamental que regulamentou o Acordo (nº 6.583/2008) prevê (em burocracia absurdamente grave) aprovação de mudanças revisionais pelo Congresso Nacional, até em casos de ajustes, quando “gravosos ao patrimônio nacional”. A rigor, não é o caso. Mas sabe-se lá se não será assim entendida a hipótese, pelos burocratas? E aí já se viu que nada será fácil para os acreanos, e pior ainda, se persistir o ‘deixa estar’ atual.

Contudo, a idéia principal deve ser buscar a simples manutenção da palavra acreano por força dos argumentos acima, tais como: tradição, conteúdo histórico, palavra vinculada e inteiramente ligada à naturalidade de um povo, patenteada pelo sentimento e consagrada pela etimologia, a afeição popular e o completo desgosto dos acreanos pela mudança (injustificada e inaceitável), o que já é notório. Tocante a isso, a Academia Brasileira de Letras deve ser buscada, pois é instituição com total influência a respeito desse tema, e que resolverá, com autoridade, as várias dúvidas e adaptações para o uso geral da língua e também para os novos dicionários. Já ocorreram outros acordos, que não deram certo porque alguns países (Portugal, principalmente) não aceitaram modificar partes importantes da história de palavras que seriam mudadas. Atualmente, o Português é falado por mais de 220 milhões de pessoas em todo o mundo, sendo mais de 86% de brasileiros. Portanto, o Brasil tem primazia e o Acre é brasileiro! E nós queremos a manutenção da grafia acreano, regulamentada já agora no período de transição.

As línguas são usadas no convívio das pessoas, nas interações, na estruturação social, acompanhando a tradição histórica, exatamente, para facilitar o entendimento. A ortografia nada mais é que uma convenção sobre uma parte do uso da língua, relacionada à escrita. Logo, mudança em pequena parte do conjunto de uma língua, ou seja, na ortografia, não capacita nem dá alicerce para a mudança social muito maior que seria mudar a grafia da naturalidade de um povo. A regra é para os átonos e é cheia de hiatos. Não alcança palavras que caracterizam uma espécie, um local geográfico ou uma nacionalidade, por exemplo. O Acordo não pode mudar expressões de caráter personalíssimo, como um nome próprio ou uma naturalidade. Então, adiante da regra, está a ordem natural das coisas. Está a lógica. Está o valor histórico, a bagagem cultural, a identidade de um conjunto social. Muito adiante da regra está a personificação de um povo e sua herança de tradições e conquistas. A certeza de ser acreano está em toda nossa gente, que nunca foi nem se sentiu acriana. E é essa mesma gente que pode afirmar, sem medo de errar, que acreano é o certo, sim! Acriano? Deve ser algum alienígena. Quem escreve acriano é muito descuidado. Ou não sabe sentir o que é ser acreano!

* José Augusto Fontes é cronista e juiz de Direito
...

quarta-feira, 18 de março de 2009

...
Homem Aranha do Terceiro Mundo

...
...
ET FDP

Clique para ampliar
...

sexta-feira, 13 de março de 2009

...
O peixinho da Semana Santa

...

quinta-feira, 12 de março de 2009

...
Para os fãs de High School Musical
(desaconselhável para menores)


...

sábado, 7 de março de 2009

...

ACREANO OU ACRIANO?

Luísa Galvão Lessa
Membro da Academia Acreana de Letras
Membro da Academia Brasileira de Filologia


Tem-se observado, nos primeiros meses deste 2009, o uso surpreendente do adjetivo gentílico acriano ao invés de acreano. Este último tem o uso consagrado em meio à população regional. Indaga-se, então, quem resolveu, de última hora, mudar a forma de grafar o adjetivo? A Academia Acreana de Letras, Lei, Decreto Governamental, vontade popular?

Recomenda o bom senso e a política do idioma observar alguns pontos fundamentais. Uma língua não muda de uma hora para outra. As mudanças se dão de forma gradativa, sem que os falantes percebam. Habitualmente, essas mudanças ocorrem por forças de fatores internos ou externos, tais como influência de outro idioma, avanços tecnológicos que alteram ou modificam os hábitos de vida das pessoas, índice de escolaridade, fatores culturais etc. E, quando a vida muda, a tendência da língua é acompanhar as mudanças gradativas que se dão no seio de uma comunidade. Mas nada acontece da noite para o dia, exceto os casos expressos em Lei.

Aqui no Brasil, por Decreto, já se proibiu o uso da língua tupi. E aquelas pessoas apanhadas na rua, falando o idioma nativo, deviam ser punidas severamente. E, agora, também será assim? Quem for flagrado falando acreano ou escrevendo acreano vai ser preso? E quem tem num documento escrito ser acreano, também será castigado? Recomenda o bom senso ter-se cuidado e atenção com essas medidas repentinas. Tudo requer estudo, análise, pesquisa e, até mesmo, consulta popular. Já se mudou o fuso horário do Acre sem consulta à população, que hoje amarga o despertar no escuro para ir à escola, ao trabalho.

Considerando o caso epigrafado neste texto, passa-se a fazer um breve estudo de caso sobre o uso “certo” ou “errado” desse adjetivo acriano ou acreano.

I - ADJETIVOS PÁTRIOS

São os adjetivos que indicam a nacionalidade, a pátria, o lugar de origem dos seres em geral. Pode ser chamado de gentílico, quando designa grupos étnicos ou raça. A maioria desses adjetivos forma-se pelo acréscimo de um sufixo ao substantivo que os origina. Os principais sufixos formadores de adjetivos pátrios são: -aco, -ano, -ão, -eiro, -ês, -ense, -eu, -ino, -ita. Vejam-se alguns deles:
Açores = açoriano; Campinas = campineiro, campinense; Goiânia= goianiense; Lisboa = lisboeta, lisbonense; Maceió = maceioense; África = africano; América = americano; Ásia = asiático; Europa = europeu.

II - ESTADOS DO BRASIL

Acre = acreano, acriano. Segundo o Formulário Ortográfico, a forma adequada é acriano, mas, sem dúvidas, a forma preferida da população é acreano, considerando ser a forma usual do povo desde a criação do Território do Acre. Assim, o uso faz a força e não o contrário; Rondônia = rondoniano, rondoniense (duas formas); Sergipe = sergipano;Teresina = teresinense; Santa Catarina = catarinense, santa-catarinense, catarineta, catarinete, caterinete, catarino, barriga-verde (sete formas); Goiânia = goianiense. São uns poucos exemplos a ilustrar o uso que se faz desses adjetivos, em obediência ao processo de formação de palavras e, também, em respeito ao uso eleito pela população.

III – REGISTRO EM DICIONÁRIOS RESPEITÁVEIS DO IDIOMA PÁTRIO: AURÉLIO, HOUAISS e NASCENTES

3.1. Provável etimologia
Topônimo Acre (Brasil) + -iano é uma provável alteração de Aquiri, forma pela qual os exploradores da região grafavam a palavra Uwákürü (ou Uakiry), vocábulo do dialeto Ipurinã. Em 1878, o colonizador João Gabriel de Carvalho Melo escreveu ao comerciante paraense, Visconde de Santo Elias, pedindo-lhe mercadorias destinadas à "boca do rio Aquiri". Como em Belém o dono e os empregados do estabelecimento comercial não conseguissem entender a letra de João Gabriel ou porque este, apressadamente, tivesse grafado Acri ou Aqri, em vez de Aquiri, as mercadorias e faturas chegaram ao colonizador como destinadas ao Rio Acre - esta é a versão encampada pelo IBGE. Todavia, há outras hipóteses: der. de Yasi'ri, Ysi'ri 'água corrente, veloz' ou do tupi a'kir ü interpretado como'rio verde'; var. acreano; cf. Nascentes (vol. II).

3.2. Acreano, adjetivo e substantivo masculino relativo ao Estado do Acre ou o que é seu natural ou habitante; acreano. (Houaiss)


3.3. Acriano - [Do top. Acre + -iano.]

Adj.
1. Do, ou pertencente, ou relativo ao Estado do Acre.
S. m.
2. O natural ou habitante do Acre.
[É menos boa a grafia oficial, acreano.] (Aurélio). Mas não diz ser errada.

3.4. Acreano

Adj.
S. m.
1. V. acriano. Aqui, também, o estudioso considera as duas formas. (Aurélio)

IV – CONSIDERAÇÕES FINAIS


O filólogo Antônio Houaiss (foi meu professor e faleceu em 1989), autor do Projeto da atual Reforma Ortográfica entre países de Língua Portuguesa, um dos homens mais cultos que este país já contou entre seus ilustres filhos, afirma que, desde 1911, vem impondo-se, na língua culta, a regra segundo a qual só se escreverá –eano quando a sílaba tônica do derivante for “e” tônico ou ditongo tônico com base em “e” ou, em que, mesmo átono, o “e” for seguido de vogal átona. Exemplos: arqueano (Arqueu), daumeano (Daomé), egeano (Egeu), galileano (Galileu), lineano (Lineu). Os demais serão sempre em –iano: acriano (Acre), ciceroniano (Cícero), freudiano (Freud), Camiliano (Camilo) etc. Em obediência a essa regra, teríamos de escrever acriano (com “i”).

De qualquer forma, quem elabora a evolução, quem faz a língua, contrariando, às vezes, a forma proposta pelos gramáticos e filólogos, é o falante. E este, no caso específico, ainda não decidiu nada. Percebo que começam, agora, a avistar, pela primeira vez, o adjetivo gentílico “acriano”. Algumas pessoas até se assustam e pensam tratar-se de erro crasso, uma gralha condenável. Assim, embora os gramáticos e dicionaristas tradicionais como “Aurélio” e “Houaiss” tragam acriano como ‘a melhor forma’, não se pode perder de vista que o uso faz a forma. E desde que o Acre é Acre sempre se escreveu acreano.

Tenho 61 anos e nunca vi outra grafia aqui em nossa terra. Seria o caso de indagar-se à população, por um plebiscito, se desejam ser “acreanos” ou “acrianos”. A depender de uma resposta positiva pela nova grafia, que ora figura em textos oficiais e em jornais locais, haveria um Projeto de Lei confirmando a nova forma. Esta seria comunicada aos poderes constituídos para adoção do uso nos documentos oficiais, livros, cartórios etc. Não se muda uma forma pelo gosto de uns poucos e sim pela opção da maioria das pessoas.

Desse modo, compreendo que somente o futuro dirá se a forma predominante será acriano (com “i”) ou acreano (com “e”). A própria autoridade competente poderá, futuramente, determinar qual a forma oficial a ser utilizada. Também poderá deixar permanecer as duas formas: acreano e acriano. É estudo que pode ser solicitado à Academia Acreana de Letras. Consideram-se, ao final, as sábias palavras de Fernão de Oliveira (1536), nosso primeiro gramático, ao dizer: ‘os homens fazem a língua e não a língua os homens’.

-----------
Luísa Galvão Lessa – É Doutora em Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ.

...
...
Curso de Formação de Maridos
...

Objetivo pedagógico:
Permite aos homens desenvolver a parte do corpo da qual ignoram a existência (o cérebro).


São 4 módulos:

Módulo 1: Introdução (Obrigatório)

1 - Aprender a viver sem a mamãe. (2.000 horas)
2 - Minha mulher não é minha mãe. (350 horas)
3 - Entender que não se classificar para o Mundial não é a morte. (500 horas)

Módulo 2: Vida a dois

1 - Ser pai e não ter ciúmes do filho. (50 horas)
2 - Deixar de dizer impropérios quando a mulher recebe suas amigas. (500 horas)
3 - Superar a síndrome do 'o controle remoto é meu'. (550 horas)
4 - Não urinar fora do vaso.. (1000 horas - exercícios práticos em vídeo)
5 - Entender que os sapatos não vão sozinhos para o armário. (800 horas)
6 - Como chegar ao cesto de roupa suja. (500 horas)
7 - Como sobreviver a um resfriado sem agonizar. (450 horas)

Módulo 3: Tempo livre

1 - Passar uma camisa em menos de duas horas. (exercícios práticos)
2 - Tomar a cerveja sem arrotar, quando se está à mesa. (exercícios práticos)

Módulo 4: Curso de cozinha

1 - Nível 1. (principiantes - os eletrodomésticos) ON/OFF = LIGA/DESLIGA
2 - Nível 2. (avançado) Minha primeira sopa instantânea sem queimar a Panela.
3 - Exercícios práticos Ferver a água antes de por o macarrão.

Cursos Complementares
(Por razões de dificuldade, complexidade e entendimento dos temas, os cursos terão no máximo três alunos)

1 - A eletricidade e eu: vantagens econômicas de contar com um técnico competente para fazer reparos.
2 - Cozinhar e limpar a cozinha não provoca impotência nem homossexualidade. (práticas em laboratório)
3 - Porque não é crime presentear com flores, embora já tenha se casado com ela.
4 - O rolo de papel higiênico: Ele nasce ao lado do vaso sanitário? (biólogos e físicos falarão sobre o tema da geração espontânea)
5 - Como baixar a tampa do vaso passo a passo. (teleconferência)
6 - Porque não é necessário agitar os lençóis depois de emitir gases intestinais. (exercícios de reflexão em dupla)
7 - Os homens dirigindo, podem SIM, pedir informação sem se perderem ou correr o risco de parecerem impotentes. (testemunhos)
8 - O detergente: doses, consumo e aplicação. Práticas para evitar acabar com a casa.
9 - A lavadora de roupas: esse grande mistério.
10 - Diferenças fundamentais entre o cesto de roupas sujas e o chão. (exercícios com musicoterapia)
11 - A xícara de café: ela levita, indo da mesa à pia? (exercícios Dirigidos por Mister M)
12 - Analisar detidamente as causas anatômicas, fisiológicas e/ou psicológicas que não permitem secar o banheiro depois do banho.
O curso é gratuito para homens solteiros e para os casados damos bolsas.


(Colaboração de Bento Marques)

quarta-feira, 4 de março de 2009

...

A questão do IDH do Jordão
...
Clique nas imagens para ampliar

Tenho acompanhado nos últimos dias a polêmica da matéria divulgada pelo Fantástico, da Rede Globo, no domingo último. A reportagem falava sobre as três cidades brasileiras com o menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que é um dos parâmetros tomados pela Organização das Nações Unidas (ONU) para medir a qualidade de vida das populações em todo o mundo. O município de Jordão, no interior do Acre, foi uma das cidades abordadas.

Há vários anos se discute a questão do IDH de Jordão. O baixo índice no indicador da ONU é conhecido de todos no Estado, não é uma novidade que a tevê trouxe.

A reação no Estado foi de indignação e suscitou declarações apaixonadas, como se o Acre tivesse sido ferido mortalmente. Foi como se a matéria tivesse sido baseada em fatos inverídicos e feita com a incumbência de enlamear a honra dos acrianos. “Uma peça de mau gosto, desinformada, mentirosa, antiamazônica, antiflorestal e anti-indígena”, como afirmou o deputado Moisés Diniz.

Não é bem assim. A verdade está lá para quem quiser ver. Talvez Jordão não tenha o pior IDH do Brasil, mas é, sim, um dos municípios mais pobres do país e um com as piores condições de vida. Eu estive lá recentemente acompanhando uma das sessões do programa Assembleia Aberta, desenvolvido pela Assembleia Legislativa do Acre, em meados do ano passado. Vi que a realidade é bem pior do que foi mostrado na reportagem do Fantástico.

Diniz e tantos outros fizeram comparações sem propósitos do tipo que no Jordão não se come chuchu, mas se “come mandioca cozida, cuscuz de milho, banana, mamão, manga, goiaba e bebe caldo de cana”. É verdade, mas isso não encobre o fato de o município ter altos índices de desnutrição, verminose e outras mazelas, ou que em Jordão não se convive com a violência comum nas grandes favelas, o que também não encobre o fato da enorme violência de mais da metade da população em idade escolar estar fora da sala de aula. É mais uma geração de analfabetos que se forma na cidade.

Se não come chuchu em Jordão é porque verdadeiramente não tem, assim como o tomate, a cebola e tantas outras verduras. O que tem vem de fora. Também não existe por lá o incentivo ao plantio do açaí, do patoá, da pupunha ou tantos outros que possam servir de complemento alimentar. O que se consome por lá provém da coleta e nada mais.

A matéria divulgada também não culpa o atual governo de Binho Marques por isso nem o governo anterior de Jorge Viana. Quem conhece o Acre sabe que a questão é bem diferente. O Estado cresceu muito desde o primeiro mandato da Frente Popular em 1999. A qualidade de vida das populações do interior melhorou muito desde então.

As cidades acrianas passaram a ter um acompanhamento por parte do governo central que antes jamais pensaram ter. Houve melhoria na infraestrutura básica e saneamento, na saúde, na educação e na segurança pública. Talvez a situação de Jordão fosse pior se a Frente Popular não tivesse assumido as rédeas do Estado.

Tudo isso, porém, não foi suficiente para Jordão. O caso de lá se deve a uma série de fatores que fogem ao controle imediato de um governante estadual. É resultado de anos de más administrações municipais, desgovernos que não levaram em conta as necessidades da população. É o resultado de maus políticos das esferas estadual e federal, que durante legislaturas e mais legislaturas negaram voltar os olhos para as condições em que as populações mais humildes vivem. Para se ter uma idéia durante o Assembleia Aberta, todos os deputados estaduais foram convocados, alguns faltaram e a maioria dos que compareceram não ficou sequer duas horas na cidade.


Há ainda outros tantos fatores que sequer estão sendo levantados aqui e que influem, diretamente ou não, para as condições precárias em que se vive ali e em outras regiões do Acre ou da Amazônia. Sem vencer esses problemas e entraves não adianta criar outro índice, seja ele qual for, que Jordão continuará miserável como sempre foi.

Em vez das críticas à matéria, seria de bom-senso discutir essas questões. Buscar viabilidades econômicas para aquela população, combater as questões culturais ou mesmo estruturais que afastam os jovens da escola, incitar a atuação municipal por políticas públicas de geração de emprego e renda e pressionar o governo federal por uma distribuição de recursos que privilegie mais os municípios pobres do interior do país.


Há muita coisa boa que pode ser feita para melhorar a situação de Jordão. O Assembleia Aberta é uma delas, pois colocou a população da cidade pela primeira vez em contato com os parlamentares estaduais e alguns federais. A abertura da estrada ligando Rio Branco a Cruzeiro do Sul pelo governo do Estado até meados do ano que vem é outra, pois dará maior condição de acesso a bens de consumo às cidades do interior e, embora ainda não se vislumbre estrada para o Jordão, é certo que a cidade se beneficiará com o fim do isolamento de outras cidades próximas, como Tarauacá.


A matéria da Globo não deveria indignar, deveria mobilizar em defesa de Jordão. Ela nos envergonha, não há dúvida, mas mais envergonhados ficaremos se, em alguns anos, ela for repetida e novamente Jordão figurar na lista do pior IDH do país. Essa é a verdade.

...