domingo, 21 de setembro de 2008

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Sara Vitória, o milagre da vida
e a minha eterna gratidão


Gratidão não é um bem. Não é algo que se planta ou que se colhe na hortinha do fundo do quintal. Não se encontra na feira ou no supermercado. Também não está na farmácia ou é um produto que se pede no catálogo da Avon ou que se recebe via Sedex depois da encomenda feita no Mercado Livre.

Gratidão vem de dentro como reconhecimento por um grande bem que alguém lhe fez, muitas vezes até sem lhe conhecer. O grato nutre para sempre o respeito e a admiração e agradece para sempre aquele ou aquela que se tornou seu benfeitor. A gratidão, porém, só vinga no peito dos humildes, dos que têm a capacidade de reconhecer o quanto alguém lhe foi solidário, solícito, respeitoso ou generoso.

Tenho gratidão por muita gente. Desde minha infância encontro pessoas boas a quem devo minha eterna gratidão. Muito do que sou ou do que tenho devo a elas e sei que nada que eu venha a fazer poderá pagar por isso, pois essa é outra característica da gratidão: dinheiro nenhum paga uma boa ação.

A gratidão é maior quando o bem feito não incide diretamente em nós, mas em um ente querido, alguém que muito amamos e que não queremos perder nunca. Nesse caso, nossa própria vida não seria o suficiente para pagar por esse bem.

Os três parágrafos acima reflete uma tentativa inútil de dizer a vocês leitores o quanto eu e minha família somos gratos há algumas pessoas, em especial ao subsecretário de Saúde, Sérgio Roberto e à médica Fernanda Maia. Devemos a eles a vida da pequena Sarinha, minha sobrinha-neta que nasceu às 14 horas do domingo passado.

Quem leu a minha última crônica, publicada no mesmo dia, deve lembrar que citei Sarinha e, embora tenha falado pouco dela, deixei claro o quanto ela era esperada.

Sarinha, agora registrada como Sara Vitória, veio ao mundo com uma má-formação. Ela tinha uma hérnia diafragmática que não foi diagnosticada durante o pré-natal.

Traduzindo em miúdos, os intestinos de Sarinha tomaram o lugar de um de seus pulmões fazendo-o atrofiar, empurraram o coração para o lado direito e impediram o diafragma, que é o músculo responsável pela respiração, de funcionar adequadamente. Faltou ar nos primeiros momentos de vida de Sarinha, mas uma prestigiosa médica a atendeu de pronto e lhe instalou em uma UTI neonatal. Foi essa mesma profissional que diagnosticou a hérnia ainda na tarde do primeiro dia de sua vida.

Durante quatro dias a morte soprava as narinas de Sarinha. Os médicos lhe davam poucas chances de vida. Quando ela entrou na sala de cirurgia na manhã de quinta-feira, acreditava-se que não sairia dali viva. Descobrimos que ela viveria para ser amada por seus pais, João e Andréia quando a médica Fernanda Maia e sua amiga, a cardiologista Melissa apareceram à porta do centro cirúrgico da Fundhacre com os polegares voltados para cima indicando o sucesso do milagroso ato que acabaram de cometer.

Sarinha vive e vai viver muito ainda!
Devo falar agora de Sérgio e Fernanda e como eles entraram e nossa vida. Sérgio eu conheço há muito tempo. Atuamos juntos na militância política e há muito fomos colega de redação, aqui no Página 20. Sérgio foi colega de faculdade de minha irmã, Conceição Cabral, que é avó de Sarinha. Os dois também trabalharam juntos por muito tempo na Secretaria de Educação. Conceição e Sérgio Roberto cultivam uma amizade longa que se fortaleceu ainda mais a partir de agora.

Fernanda conheci na quarta-feira, à tarde. Já tinha ouvido falar dela. Alguém disse na tarde de domingo que não deveríamos nos preocupar, que tudo daria certo, pois uma “tal médica” estaria chegando de viagem e faria a cirurgia de Sarinha. Era ela.
Fernanda é alta e bela. Tem uma voz suave e um rosto marcante. Quem a olha percebe de longe um certo brilho que envolve toda sua fisionomia. Mas ela surpreende quando fala. Não se esforça para argumentar, pois tudo que pronuncia passa segurança e convence a todos por sua capacidade intelectual e pela certeza de que é uma profissional mais que preparada para a missão que escolheu seguir na vida.

Fernanda se dispôs a operar Sarinha e suas mãos foram as responsáveis por trazê-la de volta à vida, como se ela fosse a parteira ou o obstetra que tantos partos faz.

Sérgio Roberto e Fernanda são os protagonistas principais de uma história que está tendo final feliz. Ele pelo apoio, pela prestigiosa ajuda e solidariedade; ela pelo milagre de saber salvar vidas. A ambos devemos muito mais do que a vida de Sarinha. A eles teremos eternamente uma profunda gratidão.

Que Deus os abençoe!


PS.: Os riscos à vida de Sarinha ainda não cessaram. Ela luta contra a hipertensão pulmonar, que é uma das seqüelas de sua má formação. Seu restabelecimento é gradual e cada hora é uma nova vitória. Há que agradecer aqui também a equipe médica que a acompanha no Hospital Infantil e também seria injusto não elogiar e agradecer os médicos que acompanharam Fernanda e Melissa na cirurgia de quinta-feira. São todos homens e mulheres maravilhosos, a quem eu e minha família seremos eternamente gratos.

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Um comentário:

Anônimo disse...

É Companheiro, como Você escreveu:
Sarinha vive e vai viver muito ainda!
Nós Queremos, Deus quer.
Abraços e felicidades para todos.
Luis Celso